A Virtude Yang do homem brasileiro II - Por Símia Zen


Senhores,

Eu deveria explanar sobre uma imensa lista de heróis nacionais já renomados por seus feitos em nossa historia, feitos de coragem em guerras e outros acontecimentos políticos que mudaram nossas vidas, mas creio que os senhores já estão carecas de saber disso e muito mais do que eu, então lhes enfadaria com tanta obviedade, por isso adotei outra lista ainda não registrada que é a dos heróis anônimos que cotidianamente demonstram a capacidade de iniciativa, coragem, altruísmo e compaixão que se revelam no Brasil todos os dias como, por exemplo, nas temporadas das chuvas de verão no Rio.

Os noticiários da TV não param de mostrar as catástrofes que veem ocorrendo na região serrana do Estado. Enchentes, desabamentos, enxurradas arrastando e enterrando casas com famílias inteiras dentro. Todo ano isso se repete, e todos os anos inúmeros homens voluntários dedicam-se ao salvamento e reconstituição da vida nestes locais. Infelizmente, é nessas horas que se vê mulheres reconhecerem nossa dependência natural ao ser masculino e a gratidão pelo macho ter a verdadeira vocação para a liderança. E depois de tanta depreciação à natureza yang deles, ainda assim eles perdoam e deixam tudo de lado e se dispõem à nossa proteção. Na hora do aperto é que vemos mulheres sem discurso feminista nenhum e aceitando a liderança do macho na boa, e assim que vemos o mulheril cooperando passivamente com os homens no enfrentamento da natureza. É na tragédia que a mulher reconhece de fato a dádiva que é existir o homem “machão” sobre a terra.

Erguemos as mãos para o céu por não termos por aqui uma população de bananas do tipo que o feminismo tem como ideal de homem. Podem falar tudo de mau dos nossos conterrâneos, mas eles não ficam de pose politicamente correta feminista e se defecando paralisados diante do infortúnio. Eles, nos seus impulsos yang, não medem esforços para salvarem as vidas de mulheres, crianças e uns aos outros. Se vê que estão incansáveis nas buscas de sobreviventes e mortos, amparo amigo aos que perdem seus familiares e pertences. Muitos para proteger, perderam suas próprias vidas, o que acho uma temeridade e excesso. Muitos compartilham o pouco que tem como os demais. Creio que ninguém do mundo inteiro olhando essa catástrofe e a postura heróica de nossos homens neste enfrentamento, poderia questionar a macheza deles, ninguém poderia nos dizer olhando nos olhos que aqui não tem masculino pleno em seu valor yang, que aqui não tem o Homem de Verdade.

Antes de eu concluir este escrito devo fazer um esclarecimento, pois na carta anterior utilizei a palavra “yang” para definir o tipo de virtude dos homens brasileiros, e por alguns comentários posteriores, vi que deixei a desejar quanto ao seu significado. Para que minha comunicação com os senhores não fique como na “Torre de Babel”, incluo informações sobre a palavra/conceito “yang”.

Bom... A palavra “yang” faz parte de uma teoria oriental sobre as leis da natureza e do universo em geral,“TAO” (Caminho), o que mais se conhece sobre o TAO no ocidente é sua representação gráfica, o Tei-Gi, chamado popularmente de “yin-yang”, e que hoje é usada nefastamente no mercado da moda como enfeite para uma customização “New Age” desconexo de sua função didática.

O Tei-Gi é uma imagem ilustrativa que simboliza o “TAO”, ela serve para mostrar didaticamente a idéia da polaridade e equilíbrio da natureza – (tipo: o caminho para se chegar a perfeição). No Tei-Gi a força Yin e a força Yang estão interpenetradas, se complementando para formar assim o o TAO, representado pelo círculo, (forma perfeita, sem lados, nem começo nem fim – Unidade). O Yang em branco e o Yin em preto representando neste contraste extremo o caráter de Luz e Sombra e de pólos opostos destas forças. Os opostos se atraem para gerar a unidade e manter o universo assim, numa dinâmica de mutação eterna. O diagrama mostra a interdependência entre eles, e que no equilíbrio dinâmico da natureza o yin contém o yang e vice versa, o Yin dá origem ao Yang e o Yang dá origem ao Yin, quando o yin chega ao seu ponto máximo de força se verte yang e quando o yang chega ao seu ponto máximo de força se verte yin em eterna mutação. Estas polaridades giram uma em torno da outra numa simetria com interpenetração entre as partes e se complementam e assim, interagem e se integram, em movimento de mutação formam tudo, permeiam/compõem tudo que existe, são os protagonistas da dinâmica do universo e geradores de tudo que há nele quando unidos.

A força Yang é associada ao princípio da expansão, dispersão, ativo, dinâmico, luminoso, quente, positivo, criativo e destrutivo, o masculino, a força Yin é associada ao princípio passivo, receptivo, obscuro, sombrio, frio, negativo, da retração, absorção, concentração, conservação, preservação, o feminino, não há hierarquia entre estas forças, elas são inversas, mas equivalentes, uma sem a outra fica sem efeito gerador (não completa o TAO – círculo - ciclos). As qualidades de ambas são interdependentes, só são virtudes na medida das virtudes da outra, tipo: duas faces da mesma moeda, por isso são os pólos opostos da mesma coisa.
Exemplo: não se pode considerar numa instalação elétrica, o pólo negativo e o positivo do fio como inferior e superior, nem um como sendo o bom e o outro como sendo mau, só são necessários para instalação elétrica ser eficaz e o abajur acender, e assim são as forças complementares características da natureza, que ambas estão em nós também, em graus diferentes entre o macho e a fêmea.

Na fêmea que é yin, há um tanto de força yang e no macho que é yang, há um tanto do yin. Por esse equilíbrio é que funcionamos como feminino e masculino com saúde, pois nossos corpos são regulados e equipados para isso, mesmo que as culturas atuais desafinadas com a ordem natural neguem essa verdade e baseados nesse equivoco, imprimamos um estilo de vida como se fossemos iguais, ainda assim, a polaridade yin e yang é coisa imutável. O máximo que acontece quando essa premissa natural é desconsiderada em nosso estilo de vida é o homem ficar yin/feminino e a mulher yang/masculino, mas como nossos corpos são inaptos a essa inversão corremos o risco de pane (doença) em nosso organismo e psique em decorrência de tal distúrbio. Podemos até fazer uma construção social que inverta os papeis na dualidade yin e yang, mas nunca seremos iguais, sempre seremos um yin e outro yang.

Bom... Concluo esta carta esperando que mesmo com a espiralada e palavrenta subjetividade yin me tenha feito entender aos honoráveis complementares yang.

Saudações cordiais,

Símia Zen.

Texto anterior: A Virtude Yang do homem brasileiro I.
Posted 31st January 2011 by Shâmtia Ayômide
Labels: Masculinidade Simia Zen
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Fonte: Texto originalmente publicado no site Reflexões Masculinas - Revista Online sobre o Homem e a Masculinidade  - http://reflexoes-masculinas.blogspot.com.br/2011/01/virtude-yang-do-homem-brasileiro-ii.html
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