Dia dos Pais - Entrevista com Cristian Derosa: A questão política do aborto


Fraternas, comemoraremos este Dia dos Pais com a entrevista que nos foi concedida generosamente pelo jornalista gaúcho Cristian Derosa, 32 anos, residente em Florianópolis /SC, autor dos blogs Link Nacional e Discurso Concreto, onde de forma séria, franca e eloquente nosso entrevistado nos esclarece sobre questões importantes referentes ao aborto. Obviamente esta comemoração não é a forma costumeira de se comemorar este dia importantíssimo para todas nós, mas com certeza é uma forma muito digna e de gratidão, pois que nascemos e que também foi por obra inegável de nossos queridos pais que estamos hoje desfrutando do Bem da Vida.

Espero que a entrevista deste sensato homem lhes seja útil em suas reflexões sobre a Vida de seus filhos nascidos e dos que ainda nascerão, e na educação de suas filhas e filhos.


O Cristian Derosa:


SZ: Quais são os espaços virtuais que participa?

Cristian Derosa: Mantenho atualmente dois blogs: o Link Nacional onde posto artigos de história e política e mais recentemente escrevo no Discurso Concreto, para artigos mais ligados à espiritualidade, literatura e filosofia.


SZ: Qual é a sua Formação acadêmica?

Cristian Derosa: Sou jornalista e já trabalhei em assessoria de imprensa em órgãos públicos, fundações e algumas empresas, além do jornal Diário Catarinense, do grupo RBS, em Florianópolis. Além disso, colaboro com artigos de opinião e pesquisas para sites como Mídia Sem Máscara, Jornal Ilha Capital e para uma revista interna de um grupo de estudos de geopolítica, cujos artigos eventualmente publico em meus blogs. Atualmente estou fazendo mestrado em Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. Busco manter uma rotina de leituras que abrangem filosofia, história, teologia e literatura. Sou aluno de filosofia do professor e filósofo Olavo de Carvalho desde 2009, ao qual devo muito em matéria de conhecimento.


SZ: Quais são suas posições politicas-filosóficas?

Cristian Derosa: É difícil falar em posições políticas em um país sem identidade histórica ou cultural, quanto menos política. Creio que sou um conservador em muitos aspectos e, como bom conservador (não-revolucionário), não tenho nenhuma proposta para o mundo, pois já acho bastante difícil encontrar uma para a minha própria vida. Desconfio de toda inovação social ou moral, principalmente quando vem acompanhada de uma propaganda ou promessa de progresso ou mundo perfeito. Creio que ideias como progresso e evolução trouxeram mais desgraças do que vantagens à humanidade. O nazismo e o comunismo, tal como a Revolução Francesa, surgiram como propostas de reforma internacional e até universal. Todos eles terminaram em morticínio e perseguições e levantar qualquer vantagem como compensadora neste processo é desprezar a vida inocente em nome de benefícios incertos. Tudo poderia ser melhor se não houverssem tantos querendo melhorar e modificar o mundo. Vejo ideias perigosas tanto na direita quanto na esquerda, tanto querendo impor um mundo novo como fazer retornar um mundo antigo, tudo sob pretexto de uma “evolução”. No entanto, creio que o estado natural do homem não é esse composto pela modernidade, lá nos idos do século XVII, quando sonhava-se com o paraíso na Terra. O homem verdadeiro é um homem pobre, de espírito e de ambições. Todas as tentativas de mudar o mundo vieram de um impulso orgulhoso

baseado na premissa de que um grupo de iluminados intelectuais tem as respostas para todas as angústias humanas. Com dois mil anos de história, a Igreja Católica, por exemplo, ainda não oferece como acabada a sua Doutrina Social, ou seja, a sua proposta de sociedade. Como, então, intelectuais criam uma da noite para o dia e a impõe ao mundo com caráter de medidas provisórias? A felicidade é totalitária, eu diria. Colocar este conceito no coletivo é um crime contra a humanidade e a liberdade. Nosso mundo é um mundo finito e imperfeito. Quem promete felicidade ao coletivo já perdeu a razão e quem acredita na promessa está em pior estado.

Hoje vivemos o resultado de décadas de planejamento e engenharia social levados a cabo pelos estudos de comunicação de massa utilizados em benefício de uma cultura da morte cujo objetivo maior é destruir a família para subjugar facilmente os cidadãos que se tornarão reféns fáceis de um estado global coletivista. Creio que essa libertinagem que muitos veem como ligada à liberdade, diversidade, direitos para todos, enfim, vai dar lugar, em breve, ao mais tenebroso horror totalitário. Isso porque nessa busca contínua por direitos para os cidadãos, o estado tende a ser sobrecarregado pelo dever de garanti-los. É um caminho sem volta.


SZ: Como foi sua educação familiar e religiosa?

Cristian Derosa: Minha família é e sempre foi católica. No meio do caminho, porém, durante alguns anos, nos encontramos meio perdidos na imensidão de opções que a pós-modernidade oferece, como espiritismo e doutrinas do tipo Nova Era. Estudei muita coisa de ocultismo, satanismo e neo paganismo, acreditando que estava fazendo algo muito original. Como todo adolescente, queria ser diferente do resto e descobrir uma verdade secreta. Quando percebi que aquele “diferente” era, na verdade, a regra entre adolescentes e adultos, e que o mundo tornava-se cada vez mais neo pagão, retornando a crenças tanto primitivas quanto cruéis, cansei-me, de certa forma, daquele “diferente”. Ocorre que, quando tentei voltar ao cristianismo e ao que acreditava ser a normalidade, isso já estava fora de moda. Tanto eu quanto minha família experimentamos juntos um retorno magnífico ao catolicismo como deve ser e hoje sofremos juntos o verdadeiro martírio que é ser católico nos dias de hoje.


SZ: Como se define?

Cristian Derosa: Não sei como fazer isso. Preferiria que alguém o fizesse por mim, mas posso tentar: Busco não olhar para mim, a não ser antes de sair de casa (pra ver se não estou com a roupa do avesso), então o que posso fazer é dizer como busco ser. Acredito que devemos olhar para a realidade com humildade e não tentar criar um mundo nosso. Por isso, não ligo para o mundo que eu crio em minha mente ou, se preferir, a imagem que eu tenho de mim mesmo, autoestima e essas bobagens, pois há um mundo real do lado de fora e que merece muito mais respeito do que o meu. Em outras palavras, busco a verdade única, a verdade maior que está por trás das verdades individuais... É claro que este é um estado ideal. Na verdade, caímos a todo momento por necessidades de autoimagem, orgulhos e vícios de compreensão. E quando caímos, só há uma forma de levantarmos que é em Deus, a verdade maior que nós não podemos mudar, porque é imutável e é a verdade que está em nós. Ao mesmo tempo Ele é tão grande que não cabe em nós e por isso mesmo Ele nos lembra o tempo todo de nossa insignificância infinita.


Sobre o aborto:


SZ: Qual é sua posição a respeito do aborto?

Cristian Derosa: Creio que não há nenhuma justificativa para o aborto. No caso de fetos malformados ou deficientes o aborto se torna ainda mais cruel, pois baseia-se em um tipo de seleção artificial, ou seja, usa o critério de uma perfeição física para o direito à vida. É por isso que neste caso o aborto chama-se aborto eugênico, baseado na eugenia que é a escolha de quem vai viver ou morrer dependendo da sua melhor ou pior condição para o trabalho ou a colaboração para a sociedade. É uma visão puramente prática e economicista da vida. Quanto ao caso de estupro, a alternativa do aborto parte do pressuposto de que a vida só é válida quando a mãe assim o quer, uma visão hedonista e até gnóstica da vida. Ora, em um caso como este o culpado é o estuprador e não a criança. Além disso, o filho não pode pagar (muito menos com a morte) pelo crime do pai. Se a mulher odeia a criança por ser fruto de um ato de violência e não do amor, então ela tem sérios problemas psicológicos e a solução para isso com certeza não é que a sociedade também se torne doente, mas que trate do problema e, acima de tudo, proteja a vida do mais fraco, do mais inocente na situação. A entrega para a adoção, neste caso, é uma solução. Uma mãe não é obrigada a amar o filho, mas nem por isso ela terá o direito de tirar-lhe a vida.


SZ: De acordo com sua percepção, quais são as consequências do aborto para as mulheres?

Cristian Derosa: Há danos físicos e psicológicos bem documentados pela medicina e psicologia, mas creio que o maior dano para a mulher é em sua alma, do qual decorrem todos os outros, físicos e psicológicos, que respondem ao terrível fardo que é o assassinato de uma alma completamente inocente e indefesa. Mas creio que isso é uma punição justa e, por isso mesmo, irremediável para a mulher que tenha decidido por esta solução. Por causa dos constantes apelos pela saúde da mulher como justificativa do aborto, tendemos a buscar também as desvantagens para a mãe. Mas a única vítima no caso de um aborto é a criança.


SZ: De acordo com sua percepção, como ficam os homens dentro de um quadro de aborto do filho?

Cristian Derosa: No passado, engravidar uma mulher significava para o homem, ser obrigado a casar, ou seja, a arcar com as consequências dos seus atos. Depois da liberação sexual e sexualização das relações, ficou fácil pensar no aborto como solução e fuga das responsabilidades, o que colabora para que os homens e mulheres permaneçam em um tipo de infância eterna, onde não há responsabilidades e só há o prazer e divertimento.

Como sempre, as mulheres que pensam estar ganhando um direito estão só servindo ao propósito mais hedonista e utilitário como objeto sexual dos homens. A mulher que diz estar também se aproveitando deste direito e vivendo a vida, está sendo enganada e aprisionada à imitação do homem que é a melhor definição do feminismo. A desvinculação do papel feminino da maternidade a torna somente um objeto de prazer aos homens.


SZ: Em sua avaliação, poderia nos esclarecer quais são as causas da existência do aborto no Brasil?

Cristian Derosa: Aí entra a questão social que determina a existência do aborto: o controle de natalidade, que é uma ideia muito antiga e desejada por intelectuais. É a crença de que viveremos melhor no planeta se formos menos pessoas, o que se baseia em outra crença sem base científica de que o mundo está superpopulado. A antropóloga Margareth Sanger foi a primeira ativista do aborto e ela dizia que o objetivo do controle de natalidade é “mais nascimentos entre as pessoas aptas e menos entre as não aptas”. Com isso, ela afirmava a função eugênica, ou seja, de engenharia social e “melhoria” da raça, inerente ao aborto. Ela dizia que os pobres se reproduziam como coelhos e, “seus genes podres” contaminariam o restante da sociedade. Portanto, o controle de natalidade sempre foi direcionado às populações pobres. Por isso, tendo vindo dos países desenvolvidos, direciona-se preferencialmente aos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. O Brasil, tal como outros países onde há muita pobreza, é um dos alvos preferenciais deste tipo de campanha. Na África, as Nações Unidas ameaçam cortar a ajuda humanitária a países que não aprovem o aborto. Portanto a pressão internacional é muito forte e evidente.



Sobre a legalização do aborto:


SZ: Em sua opinião a quem interessa mais a legalização do aborto no Brasil e por quê?

Cristian Derosa: Nos EUA, onde o aborto é legalizado, a Planned Parenthood, uma grande clínica multinacional que tem interesses comerciais na legalização da prática por todos os países, trabalha junto da ONU na “conscientização” dos bairros pobres e negros dos EUA e do mundo tanto para o aborto como a contracepção. Há rumores de que a esterilização em massa também venha sendo uma alternativa utilizada pela Organização Mundial da Saúde, mediante vacinas e medicações sem grandes justificativas, à população pobre.

Uma outra questão que não é o caso aprofundar aqui são as centenas de seitas que utilizam sacrifícios de bebês recém nascidos em suas práticas. Estima-se que muitas destas seitas tenham representantes influentes nas Nações Unidas por meio da URI (United Religions Initiative), que busca igualar todo tipo de culto alternativo a um status de religião respeitável. Esta entidade hoje possui escritórios por todo o mundo, ligados às seitas mais escabrosas. Uma das fontes indispensáveis sobre o assunto é o livro False Dawn, de Lee Penn.

É difícil dizer a quem interessa mais, se aos globalistas da ONU ou às seitas que estão por trás. A verdade é que muitos teóricos da ONU estão ligados a ideologias que pregam o controle de natalidade, mas também muitos deles pertencem hoje a seitas e religiões das mais estranhas e de inspiração anticristãs. Um exemplo é a força que tem, nos meios globalistas, grupos e teorias ligadas à obra de nomes como Madame Blavatsky e Aleister Crowley, grandes astros do satanismo do século XIX e XX.

De qualquer forma, os dois lados fazem crescer o poder dos estados e organismos internacionais sobre a vida das pessoas, o que possibilita que façam a mudança que quiserem no futuro. Quando o estado legisla sobre o critério de vida e morte e busca controlar a reprodução humana, estamos perto de um totalitarismo dos mais horríveis.


SZ: De acordo com suas informações quais são os argumentos que os grupos pró-aborto alegam para defender a legalização do aborto no Brasil e o que pensa sobre tais argumentos?

Cristian Derosa: A base argumentativa tem comprovado o que eu disse acima, sobre os objetivos do controle de natalidade entre os pobres. O maior argumento dos abortistas tem sido de que as mulheres da alta sociedade têm condições de abortar de forma segura enquanto as pobres têm de se contentar com açougueiros e por isso morrem aos montes. Então reivindicam esse direito para as pobres. Isso mostra como objetivo de Margareth Sanger, lá nos idos da década de 30, continua intacto e o pobre continua a ser o alvo. O que está por trás da ideologia deles(as) é a possibilidade de se acabar com a pobreza mediante o fim dos pobres e de “seus genes podres”, como diria Sanger. Essa ideologia veio do nazismo e está mais forte do que nunca entre os intelectuais que influenciam estas correntes.


SZ: Em sua opinião quais são interesses e influencias dos grupos Pró Aborto que lutam pela legalização do aborto?

Cristian Derosa: Há uma série de interesses por trás destes movimentos, mas muitos são apenas apelos para angariar uma militância mais fervorosa. A questão do sexo livre, por exemplo, faz brilhar os olhos dos orgíacos de plantão e mexe com os desejos mais primitivos dos que buscam uma vida de prazeres livre de responsabilidades. A questão dos direitos sobre o próprio corpo é outro apelo sem sentido e falacioso, já que um feto jamais fez parte do corpo da mulher, mas é outro corpo, outra pessoa. As Nações Unidas já recomendaram que o aborto fosse legalizado e, inclusive recentemente, pediu ao Brasil que fizesse algo sobre as supostas 200 mil mulheres mortas em abortos inseguros. No entanto, consultando os dados reais temos que, em 2010, morreram na verdade 66.323 mulheres em idade fértil e por todas as causas, de acordo com o Datasus – a fonte oficial de dados da saúde, no Brasil. Segundo os dados do mesmo Dadaus, publicado pelo blog Contra o Aborto, de 1996 a 2007, a média é de 10 mortes maternas anuais em hospitais (sem especificar a causa). De onde a ONU tirou as tais 200 mil mortes em decorrência do aborto? Estamos falando de uma alegação de 200 mil mortes anuais diante da realidade de 10 mortes em média. É realmente assustador que os dados estejam a este nível de distorção. Mas o questionamento ainda não foi respondido pela organização e não será. A mentira já foi alardeada pela mídia e o governo já toma providências. Estranho é que, considerando todas as mortes de mulheres por aborto, ninguém se lembrou de perguntar o número de fetos mortos nestes casos. Pois mesmo quando a vida da mulher corre risco durante um aborto, a morte do feto não corre nenhum risco de ser revogada.


SZ: Em sua opinião quais são os interesses e motivações dos grupos Pró Vida que lutam contra o aborto?

Cristian Derosa: Não sei muito sobre estes grupos, mas me parecem pouco atuantes dada a gravidade do estado da coisa no Brasil. A tática da maioria deles é focar no direito à vida que é garantido pela constituição. Esta abordagem pode ser muito útil em debates jurídicos e técnicos, mas mostra-se ineficaz ou insuficiente quando confrontado com opiniões resultantes de um apelo emocional e seletivo como a posição dos abortistas. Quero dizer que a importância da vida transcende à constituição, pois sem ela não haveria nem constituição. Reduzir a vida a um mero direito concedido pela constituição estatiza a vida e a torna um bem relativo e submetido a sistemas de governos democráticos. A vida tem o mesmo valor no Brasil e em Cuba, nos EUA e na China, embora em alguns países o entendimento deste valor seja diferente. Portanto, mesmo sendo legal tirar uma vida inocente, nunca será justo nem legítimo. É claro que o apelo à constituição tem fins práticos e circunstanciais e compreendo que depois disso a coisa ficará mais difícil. Quando a vida for abolida do código legal, os cristãos e movimentos pró-vida terão de utilizar outra tática argumentativa, muito mais difícil de convencer a quem não crê em Deus ou em qualquer outra coisa fora dos próprios sentidos e aparências ou das instituições públicas. Mas para quem tem um mínimo de respeito pela razão natural básica pode-se convencer do absurdo que é matar uma vida inocente para satisfazer anseios hedonistas ou meramente econômicos.


SZ: Dentro do seu senso crítico, poderia nos informar como está a luta a favor aborto e como está a luta contra o aborto no nosso país?

Cristian Derosa: Ainda me parece tímida, o que deve mudar para fazer frente à avalanche de campanhas abortistas que são financiadas por entidades internacionais. É claro que não há como equilibrar as forças, dada a imensa e desproporcional força do movimento abortista que conta inclusive com recursos das Nações Unidas e de fundações internacionais. Mesmo assim, penso que esta guerra já está vencida, pois a verdade está do nosso lado. Se há uma coisa fora de moda é a defesa da vida. Mas ainda mais fora de moda é falar em inferno, e em condenação eterna. E acho que se aproxima o momento de pensar seriamente sobre isso, tanto para cada um de nós quanto para a sociedade em geral. A preocupação com o destino de nossa própria alma é a única coisa que nos faz avaliar o que estamos fazendo, pelo quê estamos lutando. Não nos deixemos esquecer que defender o aborto leva ao inferno, exatamente como diziam os mais velhos no passado e eles não estão ultrapassados, pois a verdade está fora do tempo. Mas também os que se omitem e relaxam na defesa incondicional da vida inocente estarão condenados. E escolher um lado é um dever de todos, pois, como disse Dante, “os lugares mais quentes do inferno estão reservados àqueles que, em épocas de crise moral, optaram pela neutralidade”.


SZ: Acredita que a vida dos fetos, em desenvolvimento nos ventres maternos, também são da alçada dos pais?

Cristian Derosa: Se os pais têm responsabilidade pela vida e desenvolvimento dos filhos até os 18 anos, como diz a lei, essa responsabilidade só aumenta quando se trata de um estagio de completa dependência de quem o está carregando e do qual depende a sobrevivência da criança. Depois de nascido, os pais até têm o direito de entregá-los a adoção, abdicando do dever de os sustentar, mas isso nunca os dará o direito de tirar-lhe a vida. Em caso de não desejar o filho, a adoção é a melhor solução. Do contrário que muita gente pensa, os pais não têm o dever de amar o próprio filho, mesmo que isso fosse desejável por todos. Eles podem abrir mão dele, como tantos fazem ao entregá-los em orfanatos, etc. No momento da gestação, porém, espera-se um mínimo de humanidade, ou seja, é o mesmo que dizer: se você não quer a criança, pode haver quem a queira. Não se pode confundir a responsabilidade de criar e educar com o direito sobre a vida e a morte de uma pessoa sobre outra, esteja ela em qualquer estágio do desenvolvimento. Mesmo antes de a ciência querer saber quando começa a vida, o entendimento já era de que ela começa na concepção, quando a vida já é potencial e qualquer ato para interromper o seu crescimento deve ser considerado interrupção de uma vida, ou seja, assassinato.


SZ: Em sua opinião até que ponto o homem é também responsável ou não pela prática do aborto?

Cristian Derosa: Se vivêssemos em uma sociedade saudável, mesmo ao se cogitar o aborto, era a mulher que sairia em defesa das crianças não nascidas. Isso porque é ela que naturalmente está mais próxima do bebê, seja no período de gestação ou na criação dos filhos. É a ela que caberia a defesa desse papel sagrado concedido com toda a confiança de Deus. Quando uma mulher deseja abortar, ela deseja trair Deus e se fazer deusa da morte e não a portadora da vida, como Deus a designou. Mas em uma sociedade em que a maioria das mulheres é favorável ao assassinato de seus próprios filhos, cabe ao homem o papel histórico e natural de proteger mulheres e crianças contra a insanidade a que o gênero humano por vezes se entrega, em períodos de loucura como o que vivemos. Com falei anteriormente, os papéis sociais do homem e mulher não são intercambiáveis, dependentes de uma determinada cultura ou época. São baseados em nossa própria constituição essencial, a que podemos perceber pela biologia. Mas a biologia é somente uma forma de vermos esta diferença, já que ela se manifesta por meio da essência do que é ser homem ou mulher. A mulher defende a prole, o homem defende a mulher e a prole, por isso é fisicamente mais forte e isso não pode ser negado por nenhuma feminista intelectual. Os papéis masculinos e femininos já estão definidos na natureza e não há o que modificar. A prova disso é que, mesmo quando há tentativas de inversão dos papéis e perversão da realidade, surgem homens e mulheres que defendem ardentemente o retorno dos seus papéis originários, da natureza criada por Deus, mesmo entre alguns ateus e agnósticos se encontra uma noção semelhante, já que ela é anterior à moralidade humana, que é um código social baseado em princípios observáveis na estrutura da própria realidade e não uma criação humana. Mesmo que tentem subverter a moralidade, a razão natural sempre a vai buscar e trazer de volta os princípios. O objetivo destes pervertedores da moralidade não é modificar a moral, mas trazer confusão e conflito, pois sempre que surgir um novo ser humano no mundo, será naturalmente um defensor e uma prova de que o bem é anterior à própria moralidade.


O que quero dizer é que a verdade não é uma convenção, mas um bem real, que existe independente das culturas humanas, pois que é aquilo que todas as culturas buscam, umas chegam mais perto, outras não. Por isso, caberá aos homens e mulheres de bem lutarem por aqueles valores da verdade que a maioria tem esquecido.


SZ: Em seu entendimento, qual deveriam ser a postura e as ações dos homens que são contra o aborto ante a iminência de tal pratica das mulheres que eles fecundam?

Cristian Derosa: Não vejo diferenças entre homem e mulher no que diz respeito ao dever de defender a vida. O corpo do feto não pertence ao corpo da mulher nem ao do homem, portanto nenhum dos dois tem o direito de advogar a morte dele. Ao contrário, os dois tem a obrigação de defendê-lo. Quando a mulher é contra a vida, cabe ao homem defendê-la e vice-versa. A vida não é criação do homem, mas de Deus, o que pressupõe pelo menos um mínimo de respeito por esta criação.

A atual sociedade hedonista e sexista, repleta de valores pornográficos e utilitaristas, fez de muitos homens e mulheres meros objetos de uso sexual, como se o sexo fosse parte de uma felicidade almejável somente em sua superfície e não em sua totalidade que quer dizer a geração da vida. Quando se utiliza o sexo somente em um de seus aspectos, o prazer hedonista ou como um valor de uso, destituímos de sua real natureza e passamos a enxergá-lo como mero encontro entre corpos, quando na verdade ele é um encontro entre almas que deve ser cimentado com o amor que vem de Deus. Na sociedade pornográfica, o homem também foi colocado neste papel de objeto e de utilitário, mesmo que ele creia estar em um papel de dominador, de alvo privilegiado de toda a pornografia produzida. Com isso, ele é também destituído de sua humanidade e se torna incapaz do verdadeiro amor. Essa destruição das almas e desmembramento de suas essências fragmenta as consciências e torna o ser humano, em pouco tempo, um mero animal. Mas não vamos dar-nos conta disso em tempo. Quanto mais perdemos a humanidade, menos sentimos falta dela. A pergunta é: se tudo isso está levando à destruição do ser humano que é a obra de Deus, a quem poderia interessar? Quem é o mais interessado em avacalhar com a obra de Deus? Não podemos negar que sabemos muito bem a resposta.



Seus conselhos e orientações aos jovens e palavras às mulheres:


SZ: Em seu entendimento como se poderia erradicar o aborto em nosso país?

Cristian Derosa: Em primeiro lugar, creio que seria necessário informar os formadores de opinião e políticos de que a maioria do povo brasileiro é contra. Em segundo lugar, quem é contra precisa se manifestar. A omissão diante de um crime é também um crime. Quer dizer, se não for suficiente a crença em uma punição eterna fora da vida, ao menos que apelemos para o código penal, como tem sido feito. Esta manifestação dos contrários ao aborto deve ser feita por meio da mídia, enviando artigos, comentários e participando de debates sobre o assunto. A causa abortista carece de fundamento humano e mesmo lógico, portanto, uma única manifestação contra o aborto pode derrubá-lo facilmente em qualquer debate, desde que a pessoa esteja minimamente preparada. Os abortistas sabem disso e é por isso que fogem de qualquer debate que lhes pareça confiar muito na razão natural, pois o discurso deles, como já disse, é baseado em apelos emocionais muito simplórios.

Isso é o mínimo. Infelizmente não é possível fazer mais do que isso hoje em dia, pois toda a cúpula do poder é favorável ao aborto e eles obedecem a uma agenda internacional que visa a engenharia social para um controle político global. É claro que não há como competir com isso. Mas se para entrarmos em uma guerra contra injustiças é necessária alguma garantia de vitória, então estamos lutando em busca de glória e não de justiça.

SZ: Cristian Derosa, agradeço sua boa vontade em compartilhar nesta entrevista suas ideias e sentimentos em relação ao aborto, e também seus esclarecimentos positivos para o bem da Vida humana. Saiba que este simplório espaço virtual sempre estará a sua disposição no que estiver ao nosso alcance para colaborar com seus bons propósitos.

Para finalizar: Quais seriam seus conselhos e orientações para os jovens e adolescentes quanto à questão do aborto. E também poderia dirigir suas sensatas palavras às mulheres que por ventura lerem esta entrevista.


Cristian Derosa: Eu aconselho que todos os que forem debater ou dar opinião sobre aborto, tanto defensores quanto reprovadores da causa, busquem informação para compreender realmente do que se trata. Como eu disse antes, mesmo que haja leis que impeçam a legalização do aborto, ele pode ser aprovado mediante outros recursos inclusive dentro da lógica jurídica. Por isso, não se apeguem a conceitos jurídicos, pois estes decorrem de uma cultura, uma casuística e valores em curso de modificação por meio de estratégias semânticas. O valor da vida está muito acima de qualquer código, pois é anterior à possibilidade de lei. Uma lei pode aprovar o aborto e

contar com o consenso de toda a população um dia, mas isso jamais fará dela uma lei justa. Lei não é sinônimo de justiça, pois há leis injustas.

Não há justificativas possíveis para a eliminação de vida inocente, sendo dever de todos proteger os mais fracos. E se é assim entre todos, maior e mais valioso é o papel das mulheres, mães e mantenedoras da vida. Mulher é e sempre deve ser sinônimo de mãe e a dissociação disso é a transformação da mulher em objeto, em um projeto de homem. O homem tem o papel biológico de cuidar e proteger a mulher para que ela possa cumprir a sua missão sagrada de proteger as crianças.


Cristian Derosa.


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================================================Símia Zen.


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