"Respeito é bom e eu gosto!" (será?)


Fraternas,

Ouvem-se muitas mulheres dizerem essa frase, mas vamos combinar que nem todas realmente podem usufruir desse bem, respeito é para quem é respeitável e o preço de ser respeitável é bem caro, demanda um sem numero de virtudes e ações bem difíceis alcançar. Para ser legitimo esse discurso, que pressupõe direitos, se tem que manter uma conduta digna de respeito. Essa frase é linda, mas inconsistente. A mais correta seria: “Respeito é bom e eu mereço!”. Mas aí teria que merecer mesmo. E respeito é uma das boas coisas que uma mulher deve se fazer por merecer, a partir disso, não aceitar nada menos que isso em todos os campos de sua vida, seja familiar, amorosa, profissional, religiosa, social ou qualquer outro.

Mulheres com conduta passível de maldades, de oportunistas e decadentes, não podem exigir respeito. Antes de tudo, bem antes, ela tem que se respeitar, mas respeitar-se totalmente, como ser humano e ser um humano não é ser coisa. Mas é difícil não se deixar virar “coisa” num momento histórico de mega apelo e uso sexual da mulher e pior: desta vez com toda a permissão, cumplicidade e incentivo feminino.

Buscar sua integridade física, mental e espiritual e cuidar de si mesma são premissas básicas do auto-respeito. Vir a exigir tratamento respeitoso dos demais vem depois disso, porque para quem se trata com auto-respeito é natural que seja tratada também, apesar da existência dos abusados que não respeitam a ninguém nem a si mesmos, pois nem todas as pessoas têm educação que valha para compreender a dinâmica do conviver em sociedade. E exigir de abusados o tratamento coerente também é do respeitar-se como ser humano. Obviamente, quem se respeita, respeita simultaneamente aos outros, isso gera reciprocidade no bom trato entre as pessoas que realmente são respeitáveis e pelo menos se mantém uns limites possíveis nas pessoas que ainda estão anti-sociais.

O ser humano é um primata que vive em grupo, não há como escapar disso, é de nossa natureza tal como as formigas e abelhas, portanto só nos resta, mesmo não gostando muito, sermos razoavelmente sociáveis. Isso implica em nos privar de algumas prerrogativas do que se considera como liberdade, não há como um agrupamento humano viver sem regras e leis, que abranjam o bem estar de todos de preferência. Alguma “etiqueta” no trato humano há de se ter para que o convívio social não se estabeleça em caos. No entanto, essa “etiqueta” de forma alguma deve ser mais que um meio para convivermos com um mínimo de dignidade e respeito entre todos, pois que se não, nos tornamos “robôs” com a alma sufocada por protocolos. Daí a só se poder achar que merecemos ser respeitadas se tivermos méritos para isso, se fizermos cada um a sua parte no dever de respeitar a si mesma e aos demais, mesmo que isso signifique algo de privação de prazeres, assim às coisas melhoram um pouco neste caos contemporâneo. Não podemos adequar o mundo ao nosso ego, podemos apenas lidar com o mundo e com nosso ego, numa interferência de mão dupla.

Fraternas, a cada uma de nós cabe saber e decidir quais são as virtudes, posturas e condutas que devemos observar e nutrir, preservar e/ou transformar e/ou até descartar em nós para se termos méritos ao respeito, e a partir desta conquista interior refleti-la no exterior, em nosso comportamento cotidiano.

Torcendo para que um dia venha, todas nós indistintamente podermos dizer com toda verdade “Respeito é bom, eu gosto e o mereço”, subscrevo-me,

Cordialmente,

Símia Zen.

2 comentários:

Cinara Menoni

Perfeito o seu texto,é incrivél o número cada vez maior de mulheres que exigem respeito,mas não fazem nada para merecê-lo.

Símia Zen.

Verdade, Cinara. Auto respeito é o primeiro passo para ser respeitável, mas claro que isso dá trabalho e privações de prazeres imediatistas.

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