A beleza da amizade masculina - Por Símia Zen.


Senhores,

Venho em pixels falar sobre vosso Amor. Sobre um tipo de amor quase exclusivo no coração dos homens, mas que não é exatamente sobre o amor sexual entre homens e mulheres, nem do paternal ou filial, também não se trata de homossexualismo. O enfoque é a respeito de um tipo de amor fraternal que os homens são muito propensos de desenvolver em si isentos de quaisquer interesses mesquinhos ou sexuais, este amor se chama AMIZADE.

Em minha contemplação do ser masculino, percebo que são afortunados de um sentimento solar que é um muito puro e lindo. Um amor virtuoso, desapaixonado, com bases altruísticas, que inclui a lealdade e requer virtude, sapiência... Transcende ao sexo e promove a vontade salutar da mútua cooperação. Sinto que este sentimento nobre estabelece a união e solidariedade entre os homens, se manifesta no prazer em fazer parte em torno de um propósito comum. A amizade é o amor que mantém vossa coesão.

Desde os primórdios, os homens cultivam a amizade, antes, talvez, tenha sido motivada pela premente ânsia de sobrevivência num mundo ainda inóspito para o bicho humano, e que por obra dessa inteligente cultura de cooperação masculina, o mundo se tornou possível à sobrevivência da espécie. Unidos pela necessidade, inventaram um sem numero de soluções para a vida e assim colocaram a raça humana no topo da cadeia alimentar. Naturalmente os grupos mais unidos levaram vantagens na competição por água, comida e território auspicioso em termos climáticos e eu acredito que os grupos vitoriosos não foram exatamente os mais numerosos em componentes, mas sim, os mais coesos, porque é na união que se somam a perseverança e talentos humanos para um determinado fim e isso se traduz em Força, ou melhor: em Poder. O grupo mais fraco é sempre o menos unido.

Considerando que levou muiiiiiiito tempo de nossa existência na Terra, muitas e muitas gerações para a vida humana se sobrepor aos predadores e intempéries como está hoje, o conforto atual é vivenciado apenas por gerações recentes de acordo com nossos possíveis mais de 100 mil anos de idade. Acredito que a amizade entre os homens é um dos sentimentos mais antigos estabelecidos no coração humano e que não se desenvolveu apenas por razões funcionais de sobrevivência, mas também por que no exercício do lidar com o mundo, os homens juntos, no decorrer desta convivência cheia de desafios, perigos, tensões e sofrimentos foram aos poucos se reconhecendo como pares. Não estou falando de pares no sentido da natureza sexual, pois, obviamente esta se faz pela complementaridade de seres que possam juntos perpetuar a espécie (óvulos+espermatozóides), mas de pares num sentido mais subjetivo, de identidade de talentos e aspirações, de capacidades físicas e intelectuais, com ao mesmo tempo instintos para a proteção da vida e para a destruição da mesma, de competição e de colaboração... Assim os “espelhos” se enxergaram em virtudes e possibilidades [1], fragilidades e limites, e como extensão uns dos outros sentiram compaixão e conforto solidário entre si, nesta evolução do relacionamento humano, se formou a amizade e nela a ética e boa vontade entre homens de um mesmo grupo. Tenho pra mim que foi esta evolução/sofisticação de sentimentos que os inspirou a expressarem sua humanidade em ações físicas e intelectuais conjuntas num puro espírito político-social, tais como guerras, criação de legislações, arte, filosofia, ciências, religiões, esportes, linguagens, tecnologias diversas, etc. Esta forma práxis, criadora, realizadora de viver a amizade não é de surpreender já que vocês por força da natureza são seres da testosterona/Yang, com vocação à ação física e mental.

Nos dias atuais, existem muitas associações masculinas antiqüíssimas que permanecem firmes justamente por essa união fraterna que se constitui pela amizade entre os homens [2], mas infelizmente o estilo de vida moderno nefasto vem minando este belíssimo sentimento. Os amigos que resistem juntos a correria coisificante da vida moderna unissex ou a revelia de mães, namoradas, esposas ciumentas e outras que ignoram esse tipo nobre de amor, ou que o invejam, muitas vezes eles são injuriados com especulações maldosas, e quando os homens resolvem fazer um grupo, seja para o que for, são taxados de “Clube do Bolinha”, como se tivessem transgredindo uma ordem velada para convivência mista entre sexos “full time” e só sobre assuntos “unisex” também. Claro que homens e mulheres podem conviver cotidianamente em todas as instancias da vida focados nas questões de ambos os sexos, mas haverá algum momento onde os homens precisarão estar juntos em atividades inerentes as questões do universo masculino, até para manter seus elos de amizade, elos estes que também são elos com sua tradição ancestral e sua natureza.

Como podemos ter homens felizes e saudáveis, seguros e cônscios de sua masculinidade e responsabilidades inerentes se a cultura vigente prioriza as questões femininas em detrimento das masculinas? E numa moda torpe de mantê-los semi apartados uns dos outros em compartimentos da vida unissex que está se tornando cada vez mais comum no mundo moderno?

Creio que há um grande preconceito em relação à amizade entre os homens, algo como um certo temor anacrônico que se unam e se fortaleçam entre si como “machões”, como se homem machão fosse ruim! Mas que tolice isso! Pois desde as cavernas que a amizade que uniu e desenvolveu os homens como “machões” beneficiou muito a humanidade, não foi a macheza dos homens o motivo de dissabores nefastos na relação entre os sexos de alguns grupos no passado, ou ainda no presente, como a violência domestica e/ou de estupro, por exemplo, estes males são causados pelas misérias da ignorância [3], fraqueza e patologias independentes do nível de “macheza” (virilidade) nos homens, para o bem da verdade devemos reconhecer que se não fosse essa “macheza” conjunta toda a humanidade, também as fêmeas, já estaria extinta há muito tempo.

A amizade entre os homens é linda! A concórdia e a fraternidade são análogas à ela, e esta atravessa barreiras de tempo e espaço, biológicas e culturais, étnicas, de credos religiosos, de ideologias políticas, de rivalidades de times de futebol e tudo mais que possa separar as pessoas. Quando estimamos o outro menos que a nós mesmos é afeto, o que é muito bom, quando estimamos o outro mais que a nós mesmos é devoção, é Ágape, mas quando estimamos o outro igual a nós mesmos é amizade, e isso é o básico fundamental para vivermos em “sieme”.

O amor Philos ou Philia, a Amizade, tem valor em si mesmo e não precisa de pagamento. O sentir desse amor basta para nos enriquecer a existência, sendo a forma mais proveitosa de desfrutar da companhia dos outros seres humanos no cotidiano. Buscar e desenvolver em si a capacidade de ser amigo e oferecer tal bem ao próximo é por si gratificante. Buscar e aceitar a amizade do outro é mais que gratificante... É edificante de si e do próximo como ser humano de fato, é proporcionar-lhe a oportunidade de se exercer como um ser amoroso e solidário na vida. Essa troca humaniza o bicho homem, realiza e evolui o espírito humano.

O amigo é quem nos escolheu e escolhemos para confiar, feliz de quem tem e é amigo neste mundão cheio de imprevistos e invernos...

Bom... Desejando aos senhores muita prosperidade em vossos elos de amizade, subscrevo-me,

Amistosamente,
Símia Zen.


Posted 15th September 2010 by Shâmtia Ayômide
Labels: Masculinidade Simia Zen
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Textos complementares:
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Fonte: Texto originalmente publicado no site Reflexões Masculinas - Revista Online sobre o Homem e a Masculinidade – http://reflexoes-masculinas.blogspot.com.br/2010/09/beleza-da-amizade-masculina.html
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